LEIA O ARTIGO DE OPINIÃO A SEGUIR, COPIE E RESPONDA AS QUESTÕES E ENTREGEUM NA PRÓXIMA AULA , IMPRETERIVELMENTE (24/06/2016)
TIRIRICA, POPULISMO
E DESPOLITIZAÇÃO
(A.
P. Quartim de Moraes)
O
desempenho eleitoral de Francisco Everardo Oliveira Silva, mais conhecido como
o palhaço Tiririca, tem sido avaliado com certa indulgência por analistas e
cientistas políticos. Seria apenas uma "manifestação de protesto" do
eleitorado. Muitos desses analistas chegam a lembrar, numa comparação só
aparentemente pertinente, que em São Paulo mesmo, nos anos 50, o rinoceronte
Cacareco obteve votação maciça para vereador. Manifestação de protesto,
especialmente numa eleição, é ato eminentemente político. Pressupõe consciência
da adequação do meio ao fim que se pretende alcançar. O que pode existir de
político no ato de votar num candidato que assumidamente não tem a menor ideia
do que sua investidura poderá significar? Numa pessoa visivelmente manipulada
por dirigentes partidários espertalhões? Pode ser muito engraçado eleger um
palhaço para esculhambar um Poder da República que cada vez menos se dá ele
próprio ao respeito. Mas não é nada engraçado verificar que palhaçadas acabam
resultando quase sempre em decisões parlamentares que pouco ou nada têm que ver
com os verdadeiros interesses dos eleitores. Quando, nos anos 50, dezenas de
milhares de votos foram dados ao Cacareco, o pior que aconteceu foi o
desperdício desses votos, obviamente, anulados. Agora, a enorme votação do
Tiririca acabou elegendo pelo menos mais três deputados da mesma coligação que
por si sós não teriam chegado lá. Não é impossível, claro, embora não pareça
provável, que o futuro deputado em questão venha a revelar verdadeiro espírito
público e se transformar em valoroso representante do povo. Mas o fato é que o
voto em Tiririca nada teve que ver com protesto. De consciente pode ter tido,
no máximo, a intenção do deboche. No resto, é pura despolitização, falta de
informação, ignorância. É um tiro que o eleitor alienado deu no próprio pé.
Esse fenômeno é exemplar da grave despolitização que se alastra pelo País desde
o advento do populismo lulista no poder. Como nosso presidente tem origem
humilde e está blindado pela cultuada imagem de "homem do povo",
torna-se quase impossível criticá-lo sem cometer grave ofensa ao povo. Convém
começar, portanto, pelos elogios: o governo Lula, sem a menor sombra de dúvida,
tem feito o País andar para a frente, tornar-se melhor, no sentido de mais
próspero, durante os oito anos de seus dois mandatos. Para citar duas
realizações mais relevantes, entre si fortemente relacionadas: a aceleração do
desenvolvimento econômico, unanimemente confirmada por todos os indicadores
disponíveis e, até mais importante, consequência da anterior, a incorporação de
muitos milhões de brasileiros antes marginalizados ao mercado de consumo. Há,
portanto, muito menos gente passando fome e muito mais desfrutando os
benefícios do progresso no Brasil de hoje. É claro que isso tudo é o resultado
de um trabalho que começou muito antes de Lula se tornar presidente - a tal
"herança maldita" -, mas é inegável seu grande empenho e seu êxito na
aceleração e no aprofundamento dessas realizações. Por esses feitos meritórios
o Brasil e este escriba rendem justa homenagem à ilustre figura. Mas o que não
conseguem enxergar os adoradores de Lula encharcados do mais piedoso sentimento
de amor aos pobres - com os cínicos e oportunistas nem adianta argumentar - é
que indicadores econômicos positivos estão longe de ser suficientes para
demonstrar desenvolvimento pleno, econômico e social. Tão importante quanto dar
de comer a quem tem fome é criar condições para que o faminto tome consciência
de que tem o direito não apenas de receber a benesse de um prato de comida, mas
de obter o próximo prato por seus próprios meios, como exige sua dignidade de
ser humano. Essa é a verdadeira conquista social, porque dela o homem é
sujeito, não mero objeto, como não se cansava de repetir o mestre Franco
Montoro. Esse é o verdadeiro progresso. O resto é assistencialismo
inconsequente ou, pior, oportunista. Certamente considerações dessa natureza,
com todo o respeito humano que lhe é devido, são demais para a cabeça do
campeão de votos Tiririca. Mas agora ele será governo, e também como tal deve
ser respeitado. E os incomodados que afoguem o inevitável desalento no aforismo
cínico de que cada povo tem o governo que merece.
Fonte:
http://www.estadao.com.br/noticias/geral,tiririca--populismo-e-despolitizacao,623300,0.htm
(Adaptação)
QUESTÕES
1- O autor do artigo de opinião relata um acontecimento da política brasileira.
Que acontecimento é esse?Exemplifique com fragmento do texto.
2- Na opinião do autor, a vitória do palhaço Tiririca é resultado de um governo
populista. Você concorda com isso? Justifique sua resposta.
3-Qual a tese utilizada pelo autor? Ou seja, qual a problematização apresentada por ele em relação ao assunto em questão?
4-Quais os argumentos o autor utiliza para convencer o leitor que sua opinião é correta, adequada?
5- Em um artigo de opinião, o título deve ser polêmico, provocador e que chame atenção do leitor. Nesse caso, que outro título você daria ao artigo? Comprove com fragmentos do artigo.
OBS: Copiar e responder apenas as questões à caneta preta ou azul; respostas rasuradas ou a lápis serão desconsideradas.
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